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Atuação Espiritual durante a Pandemia da Covid - 19 - 3




Os dias continuavam sendo incertos e temerosos. De repente tudo mudava abruptamente. As estatísticas somente aumentavam em casos de contaminação e morte. O governo central entrava em choque com os governos estaduais. Informação e contrainformação apareciam na mídia e nas redes sociais. A quem recorrer? O que fazer? Uma realidade inusitada que pegara a todos de surpresa e que exigia serenidade nos pensamentos, emoções e atos. 

A contraparte espiritual do planeta não deixava de agir. 

Os espíritos de ordem inferior tentavam aproveitar a balbúrdia instalada para tirar proveito, ao mesmo tempo que, de uma hora para outra, via os seus pontos de atuação desertos. Baladas, motéis, bares... todos fechados. Até as ruas vazias. Certamente não esperavam esta desarticulação geral.

Os espíritos inclinados ao bem tinham ainda mais trabalho. Os hospitais se encheram de gente à procura de exames e cuidados, também eles estariam lá reforçando a retaguarda inspirando o corpo médico e assistindo as partidas dos atingidos letalmente pela Covid-19. 

Apesar do desespero reinante em nível global não falta oportunidade de serviço no bem, mais que nunca. 

No Grupo Espírita Esperança a atividade de atendimento aos desencarnados pela Covid-19 começava a chegar ao fim. Poucos médiuns estavam aptos para o trabalho socorrista e a fadiga orgânica dava seus primeiros sinais. 

Num primeiro momento, os desencarnados viam majoritariamente da Itália, mas com o crescimento do número de vitimados pelo Vírus da Coroa em outras partes do mundo e do Brasil, os atendimentos abrangeram várias nacionalidades. 

A assistência espiritual foi impecável. Auxiliava em todos os detalhes do trabalho. Da recuperação energética dos médiuns às palavras de incentivo ao grupo; do acolhimento aos desencarnados às inspirações dos cuidados a serem executados. 

Caboclos, ciganas, pretos-velhos e freiras se juntavam à médicos, enfermeiras e assistentes num trabalho para o Cristo. 

No último dia da atividade, a nossa querida Maria Modesto Cravo, do mesmo jeito que nos convocou ao trabalho edificante veio ao nosso encontro para dar a sua palavra de conclusão dos atendimentos:

 

Quando Jesus insculpiu o amor como meta existencial na Terra sabia, de antemão, que se tratava de um processo educacional que envolveria muitos séculos.

 

Àquela altura, ao estabelecer este parâmetro de convivência humana, aportaram espíritos que se alinhariam a Ele para que esta proposta redentora viesse a se concretizar.

 

Não se tratava, tão-somente, de uma experiência na carne, mas de um conjunto delas para poder viger a determinação maior. Entre eles estava a figura de Francisco de Assis que vestiu a indumentária de João nos primeiros dias do Cristianismo nascente.

 

A figura de João/Francisco de Assis tem ressonância até hoje como alguém que teve absoluto compromisso em seguir, o máximo que podia, os passos de Jesus.

 

Este desafio percorre até hoje e ele, incansavelmente, vem atuando em diversas paragens do planeta, ora na pele do discípulo amado, ora na aparência do pobre de Assis.

 

Seu exemplo deve servir de inspiração a nós outros que desejamos alcançar a nossa redenção espiritual: copiar em nosso ser a tarefa de imitar o Cristo.

 

Nestes tempos de mudança planetária, este desafio se faz ainda mais presente à medida que somos chamados a assistir aos grandes doentes da alma.

 

Agora, por ocasião da peste do novo vírus, temos a obrigação cristã de colocar-nos à disposição do serviço no Cristo, não impondo condições ou lembrando eventuais empecilhos, apenas servir e servir com grande alegria d’alma.

 

Aos companheiros que assistem aos novos exilados da carne e debruçam-se no alvorecer da dimensão do espírito, pelo episódio da contaminação virótica, o nosso agradecimento em poder servir juntos e dividir com vocês a honra de estar, mais uma vez, no labor cristão.

 

Os episódios seguintes a esta turba envolve mais discernimento e disponibilidade.

 

Não enxerguem com os olhos da matéria, mas vislumbrem cada fato com a argúcia do espírito imortal. Desta forma, tudo terá força e sentido.

 

Estejamos juntos nos demais desafios que advirão.

 

Cabeça erguida, fé inquebrantável e esperança renovada nos novos dias que acorrerão.

 

Sempre com o Cristo!

 

E assim concluímos a tarefa socorrista – que nos pedia mais -, agradecendo a oportunidade de mais uma vez trabalhar na seara do mestre Jesus. 

Outros desafios seriam trazidos pelos nossos parceiros do Hospital Esperança e aguardávamos o dia para novamente continuar atuando no serviço do bem. 

Carlos Pereira

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