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Aprendendo com Pai João de Angola - 2

 



É comum no final das atividades do Grupo Espírita Esperança que tenhamos a comunicação dos espíritos que atuaram naquele dia. Muitas vezes, o coordenador espiritual da casa, Pai João de Angola, vem dar o seu recado. Sempre com aquele ar descontraído, mas carregado de muita sabedoria, ele deixa um conteúdo interessante para nossa reflexão. 

Certa vez ele se referiu aos frequentadores que chegam à casa espírita. Normalmente, sabemos, que as pessoas querem ver resolvidos os seus problemas imediatamente, possivelmente imaginando que as casas espíritas possuem algo de mágico que, num estalar de dedos dos espíritos, as dificuldades desaparecem. 

Muitas pessoas que procuram a casa espírita, na realidade, sequer são espíritas. Não compreendem direito o mecanismo de funcionamento das coisas espirituais e creem que aquilo que pesa nos seus ombros vai mesmo ser facilmente arrastado. Elas querem é se ver livres. Descarregadas. Voltarem às suas vidas normais. 

Se o problema é obsessão, que se mande embora o espírito obsessor. 

Se o problema é de vidas passadas, que se dê um jeito de pagar o débito de outro jeito. 

Se o problema é energético, que se ministre um passe potente para livrar de todas as mazelas.

É neste contexto de rápido alívio que Pai João de Angola faz a sua consideração. 

- Tem fio que acha que casa espírita é cabide. Casa espírita não é cabide não, muzanfio. Os fio acredita que é só chegar e colocar os seus problemas no cabide da casa espírita e ir embora. Não é assim que ocorre não, muzanfio. Os problemas têm origem, na maioria das vezes, no próprio fio. É ele a causa e, ao mesmo tempo, a solução dos problemas que carrega.  

Efetivamente, Pai João de Angola tem toda razão. Se buscarmos a causa das causas, a causa raiz dos problemas das pessoas, vamos encontrar nela mesma a origem do que está passando. 

Se o problema é de obsessão, há ali um vínculo de afinidade ou de ajuste em curso que necessita ser identificado, tratado, encaminhado e corrigida a sua fonte. 

Se o problema é de vidas passadas, há ali um aprendizado a ser tirado para não mais se repetir agora e nas próximas experiências existenciais. 

Se o problema é energético, há ali uma desarmonia que deve ser identificada para eliminar a sua contínua manifestação. 

Quando a casa espírita atende o paciente na sua urgência funciona, naquela ocasião, como um hospital, uma espécie de UPA espiritual. Representam os primeiros socorros, no entanto, cessada a queixa inicial, deve-se investigar a causa daquele mal. Este processo é de reeducação pela dor. 

O passo seguinte é o autoconhecimento. A identificação pela própria pessoa do que está provocando o desconforto. A próxima etapa é elaborar um plano de ação para diminuir ou quiçá extirpar o fator gerador do desequilíbrio. É a tal da reforma íntima. Este processo é de educação pelo amor.

Pai João de Angola recomenda que devemos amparar a todos sem demora e aplacar, o máximo que puder, as dores do corpo e da alma, mas imediatamente deve alertar ao paciente.

- Fio, se possível, não deixe a casa espírita depois de resolver os seus problemas que trouxeram você aqui. O cabide, muzanfio, é seu, não é nosso não. Nós vai ajudar você a encaminhar seus problemas, mas não esqueça que a responsabilidade de melhorar é sua. Tome de volta que o cabide é seu, muzanfio.

É, cada um com seu cabide... 


Carlos Pereira

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