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Atuação Espiritual durante a Pandemia da Covid-19 - 2

 


A quantidade de espíritos atendidos foi acima do que o grupo protagonista daquela atividade de socorro poderia imaginar, certamente superou a mais de 300 espíritos. Cerca de três médiuns participavam por sessão de atendimento e cada um recebia, em média, dez espíritos, como foram mais de dez sessões...

Esta quantidade variou do início até o fim. 

Uma médium, por exemplo, passou a receber espíritos com muita brevidade, um rápido contato mediúnico, o que aumentou consideravelmente o quantitativo atendido por ela. Descrevia que estava numa espécie de bolha de atendimento. O seu perispírito, provavelmente, estava mais afastado do corpo o que permitia um contato mais superficial, mas não menos eficiente, num menor período de incorporação. 

Outro médium foi declinando o número de incorporações ao longo do tempo, haja vista que a sua capacidade pulmonar estava sendo afetada, não por uma possível repercussão virótica, mas porque as sessões ocorriam semanalmente e, algumas vezes, em dois dias seguidos e ele recebia uma quantidade considerável de espíritos necessitados de cuidados, o que provocou mais rapidamente o seu cansaço físico.

Nesta tarefa de amparo o que menos importa é a quantidade de espíritos recebidos pelo grupo mediúnico, embora neste caso a dimensão de ajuda seria maior, mas a capacidade de entrega àqueles espíritos trazidos pelos socorristas do astral. 

Havia espíritos que desencarnavam com respiradores adentrando pela boca. Alguns estavam respirando oxigênio. Outros nem isso. 

Os que desencarnavam sem assistência, o nível de sofrimento era maior e consequentemente afetava a incorporação do médium. Por algum tempo, o médium ficava sem respirar e, até que o comando do dialogador fosse dado, isto prejudicava a recuperação fisiológica do médium, pois, naturalmente, faltaria ar por alguns segundos. 

Foi comum em um dos médiuns o atendimento a espíritos que desencarnavam em decorrência de ataque cardíaco. Apesar do pulmão e das vias respiratórias estarem comprometidas, a causa motivadora era de natureza cardiológica. As dores do médium eram mais acentuadas na região do coração e inexistia praticamente o cansaço por dificuldade de respirar. 

Cada médium atendia aos espíritos que mais possuía afinidade psíquica e energética. Um balanceamento bem executado pela espiritualidade coordenadora do trabalho. 

As experiências foram ricas, gratificantes e de grande aprendizado. Vejamos algumas delas. 

ENTERRADO VIVO 

Alguns espíritos deram-se conta de seu desencarne quando estavam sendo enterrados. Quando percebiam os coveiros, devidamente vestidos para não serem contaminados, gritavam desesperadamente sem, logicamente, serem ouvidos. Desejavam dizer que estavam vivos, que parassem com aquilo. Inútil. 

Este passamento para o outro lado da vida com essa angústia de serem enterrados vivos não é novidade. A literatura espírita é farta de material que demonstra este fato. São espíritos muitas vezes apegados demasiadamente à matéria e que, no instante da morte, dão-se conta que a vida continua. Este fato, absolutamente traumático, tende a marcar o espírito quanto à realidade pós-vida física e força-lo a se sensibilizar para a realidade espiritual. 

Muitos espíritos ficam dias, às vezes anos, colados às suas sepulturas sem saber o que fazer. Outros, percebem a ação dos vermes a corroer os seus despojos materiais e sentem esta sensação. Quanto mais apegado e focado na realidade material, se não houve o devido cuidado de produzir a melhoria moral, maior será o período de passar por esta situação desagradável até que alguém possa vir resgatá-lo. 

CRIANÇA PERDIDA 

Outro fato que merece destaque foi o de uma criança, morta pelo vírus letal, que procurava a sua mãe. Sem saber direito o que acontecia, sentindo-se sozinha no mundo espiritual, foi trazida ao nosso encontro para receber o devido encaminhamento. 

A mãe, supõe-se, estava encarnada. Imagine o sofrimento da mãe em ver a sua criança voltar à dimensão do espírito e nada poder fazer. Certamente as suas preces de amparo ao filho foram escutadas. 

O estado infantil é temporário na cronologia existencial do espírito. Embora cada caso possua a sua particularidade, a tendência é que, pouco a pouco, o espírito retorne a sua personalidade anterior ou continue seu processo de crescimento natural, prosseguindo na sua marcha evolutiva. 

A BÍBLIA 

A crença incrustada nos refolhos do espírito é algo que transpõe as barreiras da vida física. Uma vítima do vírus da coroa, ao ser atendida, tão logo pode se expressar, pediu que lhe trouxesse uma Bíblia. Providenciou-se, em nível astral, um exemplar daquele livro sagrado para os cristãos. Aquietou-se ao receber a Bíblia em suas mãos. 

O vínculo religioso pode ter duas faces: fanatismo ou libertação. Neste caso, o livro entregue serviu ao espírito desencarnado como uma espécie de ancoradouro da sua fé. Com ela nas mãos, cria, seu destino estaria bem encaminhado. Deus e Jesus providenciariam um bom lugar onde estava. A fé a consolou. 

VER PARA CRER 

Certa vez, após a conclusão dos atendimentos, um espírito veio dar um depoimento sobre a investigação que fazia daquele trabalho assistencial. Depois de presenciar os atendimentos nos postos de socorro espirituais, soube da atividade mediúnica e desejou ver com os próprios olhos. 

Discorreu que o fenômeno mediúnico de assistência era diferente do socorro exclusivamente espiritual. Os espíritos no atendimento mediúnico chegavam como que mais pesados, mais sofridos, porém, depois do atendimento, seus corpos espirituais estavam mais leves e seus semblantes mais tranquilos. Comprovou que a eficácia do tratamento mediúnico era mais rápida. Não cansava de dizer: - Eu vi, eu vi, eu vi... 

EMOÇÃO

Era comum aos médiuns, em muitas ocasiões, sentirem a vontade de chorar diante da visualização do estado de sofrimento de centenas de espíritos em socorro. 

Havia, também, outro motivo para se chorar: a consciência do dever cumprido. A emoção por estar presente naquele serviço do bem e ser útil. Emoção à flor da pele. 

Carlos Pereira

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