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Atuação Espiritual durante a Pandemia da Covid-19 - 1



Corriam dias incertos após a deflagração da pandemia da Covid-19 no mundo e que chegava com bastante força ao Brasil. O desconhecimento sobre o vírus gerava medo coletivo. Além do asseio nas mãos e o uso de máscaras, via-se surpreendentemente as cidades pararem por causa da decretação de quarentena para que o contágio não se alastrasse com mais velocidade, o que provocaria um caos no atendimento hospitalar. O distanciamento social imposto mudava completamente a rotina da população. 

As posições e os comentários eram discordantes. Alguns especialistas defendiam as teses da Organização Mundial da Saúde, outros as rejeitavam dizendo que tudo estava superdimensionado e equivocado. A população leiga dava palpites como se fosse conhecedora profunda da causa. Uns cumpriam rigorosamente as recomendações oficiais; outros criticavam veementemente as proibições impetradas; e uma parte se comportava como se nada estivesse acontecendo. 

A mídia e as redes sociais contabilizavam as mortes crescentes. Medicações preventivas eram orientadas na tentativa de evitar a contaminação ou a ação agressiva do Novo Coronavírus. Todos na defensiva. Junto ao baque da economia com a interrupção das atividades, gerando desemprego ou trabalho remoto; somava-se o desgaste emocional e mental como consequência do isolamento das gentes e a necessidade inevitável de olhar-se para dentro, dado que não se podia mais fugir para os prazeres do mundo exterior. 

Entre muitas consequências inesperadas, as igrejas e os grupos ligados ao desenvolvimento da espiritualidade fecharam suas portas físicas. Muitas igrejas passaram a se relacionar com seus fiéis e seguidores pela internet. As lives se multiplicaram numa quantidade exponencial. De uma hora para outra, muitos se comunicavam pelo Facebook, YouTube, Instagram e outras redes sociais como se fosse um velho hábito. 

As casas espíritas também paralisaram as suas atividades. O público ficou órfão da assistência  habitual. As exposições virtuais diminuíam em parte a necessidade dos atendimentos, mas naturalmente não conseguiam suprir as atividades que exigiam a presença física para a terapia espiritual ou energética. 

A contraparte espiritual obsessiva não deixaria, no entanto, de atuar. Os espíritos errantes inclinados ao mal continuariam a sua saga de desarmonia, apesar do deserto das ruas. 

Neste contexto, o Grupo Espírita Esperança, localizado em Camaragibe, Pernambuco, recebeu duas missões da sua coordenação espiritual: socorrer os desencarnados pela Covid-19 e promover o atendimento das demandas espirituais reprimidas. 

No dia 20 de março de 2020 foi feito o primeiro atendimento aos vitimados pela Covid-19. 

Este encontro foi de aprendizagem pela experimentação. Apesar de algumas orientações prévias dadas pelo espírito Maria Modesto Cravo, era natural que fosse se ajustando aos poucos. A própria formação da equipe de trabalho foi sugerida por esta orientadora espiritual. 

A espiritualidade fez o esclarecimento da finalidade do trabalho: proporcionar uma retaguarda espiritual aos desencarnados do Novo Coronavírus. Dona Modesta explicou que estava mobilizando equipes para este trabalho em diversas localidades. O trabalho seria simples. O choque anímico do espírito desencarnado no médium e seu encaminhamento para tratamento na dimensão espiritual. 

A justificativa dada foi que a contraparte espiritual, sabedora com antecedência da pandemia, havia se preparado nos diversos países para receber aquela leva de espíritos em partida. Hospitais devidamente aparelhados foram montados, à semelhança do que estava ocorrendo na dimensão física. 

Ocorre que os espíritos demorariam algumas horas ou dias para se recuperarem utilizando os equipamentos astrais, por mais sofisticados que fossem. O acoplamento medianímico dispensaria todo esse tempo. 

Antes de começar o atendimento foram projetados os campos de proteção e contenção em todo o ambiente para que as atividades pudessem transcorrer com tranquilidade, sem a interferência indevida dos adversários do bem, incomodados com aquela atividade socorrista. 

Os médiuns foram orientados pela coordenação material da atividade a receberem os espíritos deitados em tatames. Os dialogadores e os terapeutas energéticos deveriam atuar à distância. Não se sabia bem qual tipo de reverberação energética poderia sair dos médiuns. Além disso, seria uma precaução de proteção sanitária normal contra a contaminação da Covid-19. Os atendimentos foram realizados em três salas distintas. Cada médium com um dialogador específico. Os terapeutas energéticos se revezavam entre os médiuns. 

Após a conclusão das atividades, dois espíritos se comunicaram. Eles deram uma noção dos bastidores espirituais da pandemia. Um se referiu sobre as estratégias e táticas entre os agentes do bem e os partidários da maldade na Terra. O outro apresentou um caso concreto de ajuste cármico. (Ver neste blog os textos “A Desarticulação da Maldade na Terra” e “Bastidores Espirituais do Coronavírus”). 

O segundo encontro ainda foi de aprendizagem e ajuste. 

Um procedimento utilizado, desde a primeira sessão de atendimento, foi que todos os participantes deveriam, ao chegar em casa, tirar sua vestimenta para lavagem e imediatamente tomar banho. O cuidado é para que não houvesse qualquer risco de contaminação, não do vírus, mas dos resquícios energéticos emanados pelos desencarnados durante a incorporação. 

A distribuição dos espíritos para os médiuns não era padronizada. A espiritualidade encaminhava os espíritos de acordo com as características psíquicas de cada médium. 

Não estava em jogo a quantidade de espíritos atendidos, mas a qualidade do atendimento realizado para que os médiuns pudessem rapidamente se adaptar ao trabalho. 

Pouco a pouco, ia se organizando um protocolo de atendimento. Faltava mais, o tempo ensinaria. 

Nos demais encontros, chegou a informação espiritual de que seria melhor que os médiuns fizessem os atendimentos sentados e não mais deitados. Tanto o médium quanto o espírito teria dificuldade de respiração e recuperação. 

O resultado realmente foi melhor. O tempo de recuperação dos médiuns de uma incorporação para outra se tornou menor e, com isso, aumentou a capacidade de atendimento em menos tempo. 

O atendimento aos espíritos desencarnados pelo Novo Coronavírus seguia em bom ritmo. A espiritualidade trazia tudo que era necessário para o bom e rápido atendimento deles, o problema era a recuperação dos médiuns, já em parte resolvido pelo atendimento sentado. 

O que, porém, representou um diferencial desde a primeira sessão de atendimento era a terapia de recuperação energética realizada pela equipe “Mãos de Luz” através de três de seus componentes, convidados especialmente pela equipe espiritual. 

Em cada incorporação, um terapeuta energético realizava a devida limpeza de resquícios de miasmas e atuava, sobretudo, na região pulmonar. Somava-se a este procedimento a ingestão de água magnetizada. 

O efeito positivo dessa ação não se restringia no decorrer dos atendimentos, mas sobretudo depois. Os médiuns saiam razoavelmente bem depois dos atendimentos. O que era importante principalmente quando se tinha outra sessão no dia seguinte. 

Durante os atendimentos, chegou outra informação espiritual para utilizar astralmente uma infusão de alfavaca. Os terapeutas fariam a mentalização da infusão e ofereceriam para os médiuns durante o atendimento para facilitar aos espíritos a recuperação da capacidade respiratória. Esta recomendação foi importante porque diminuiu o impacto pulmonar nos médiuns. 

Durante os atendimentos era implantada uma estrutura de plantão médico de emergência. Vários espíritos indo e vindo, trazendo e levando outros. Embora em ritmo frenético, tudo ocorria num clima de cooperação e amorosidade. 

Carlos Pereira 

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