“Quantas vezes perdoarei a meu irmão?
Perdoar-lhe-eis não sete vezes,
mas setenta vezes sete vezes...”
“... Escutai, pois, essa resposta de Jesus e, como Pedro, aplicai-a a
vós mesmos; perdoai, usai de indulgência, sede caridosos, generosos, pródigos
mesmo de vosso amor...”
(Capítulo 10, item 14.)
Trazemos múltiplos clichês mentais arquivados no
inconsciente profundo, resultado de velhas recordações danosas herdadas das
mais variadas épocas, seja na atualidade, seja em outras existências no passado
distante.
Essas fontes emitem, através de mecanismos
psíquicos, energias que não nos deixam sair com facilidade do fluxo desses
eventos desagradáveis, registrados pelas retinas da alma, mantendo-nos retidos
em antigas mágoas e feridas morais entre os fardos da culpa e da vergonha.
Por não recordarmos que o perdão a nós mesmos e aos
outros é um poderoso instrumento de cura para todos os males, éque impedimos o
passado de fluir, não dando ensejo à renovação, e sim a enfermidades e
desalentos.
Tentamos viver alienados dos nossos ressentimentos
e velhas amarguras, distraindo-nos com jogos e diversões, ou mesmo buscando
alívio no trabalho ininterrupto, mas apenas estamos adiando a solução futura da
dor, porque essas medidas são temporárias.
É mais fácil dizer que se tem uma úlcera gástrica
do que admitir um descontentamento conjugal; é mais fácil também consentir-se
portador de uma freqüente cólica intestinal do que aceitar-se como indivíduo
colérico e inflexível.
Muitas moléstias antes consideradas como orgânicas
estão sendo reconhecidas agora como “psicossomáticas”, porque se encontraram
fatores psicológicos expressivos em sua origem. As insanidades físicas são
quase sempre traduzidas como somatizações das recordações doentias de ódio e
vingança, que, mantidas a longo prazo, resultam em doenças crônicas.
Dessa forma, compreenderás que a gravidade e a
duração dos teus sintomas de prostração e abatimento orgânico são diretamente
proporcionais à persistência em manteres abertas tuas velhas chagas do passado.
As predisposições físicas das pessoas às
enfermidades nada mais são do que as tendências morais da alma, que podem
modificar as qualidades do sangue, dando-lhe maior ou menor atividade, provocar
secreções ácidas ou hormonais mais ou menos abundantes, ou mesmo perturbar as
multiplicações celulares, comprometendo a saúde como um todo.
Portanto, as causas das doenças somos nós sobre nós
mesmos, e, para que tenhamos equilíbrio fisiológico, é preciso cuidar de nossas
atitudes íntimas, conservando a harmonia na alma.
Indulgência se define como sendo a facilidade que
se tem para perdoar. Muitos de nós ficamos constantemente tentando provar que
sempre estivemos certos e que tínhamos toda a razão; outros ficam repisando os
erros e as faltas alheias. Mas, se quisermos saúde e paz, libertemo-nos desses
fardos pesados, que nos impedem de voar mais alto, para as possibilidades do
perdão incondicional.
Perdoar não significa esquecer as marcas profundas
que nos deixaram, ou mesmo fechar os olhos para a maldade alheia. Perdoar é
desenvolver um sentimento profundo de compreensão, por saber que nós e os
outros ainda estamos distantes de agir corretamente. Por não estarmos,
momentaneamente, em completo contato com a intimidade de nossa criação divina,
é que todos nós temos, em várias ocasiões, gestos de irreflexão e ações
inadequadas.
Das velhas doenças nos libertaremos quando as
velhas recordações do “não-perdão” deixarem de comandar o leme de nossas vidas.
Capítulo do livro Renovando Atitudes, págs. 217 a 219, Ed. Boa Nova
Espírito Hammed, médium Francisco do Espírito Santo Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário