segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Fisiopatologia da Arrogância, parte 1

Exercer o egoísmo inadequadamente, enaltecer o próprio eu sem barreiras, projetando-se como o maior dos seres da criação; vangloriar-se e ser idolatrado como a máxima realização da Divindade, para depois competir com o próprio Criador; submeter os semelhantes aos seus próprios interesses e fazer da existência motivação única para a sua felicidade; eis a doentia utopia que move o espírito rebelde nos patamares involuídos da vida, o egoístico sonho de toda criatura, ainda distanciada da realidade da Lei Divina. Doença básica, identificada na raiz de todas as dores e dramas humanos em todos os tempos do passado e do presente. 

Eis porque impor limites ao egoísmo e estabelecer o amor ao semelhante são os pilares sagrados ensinamento evangélico. Em nosso plano de estudo, tal inadequada expansão da força mental é denominada hiperegotismo, ou seja, o exagerado crescimento do ego. No exercício do hiperegotismo o ser utiliza atitudes e empreende hábitos que em seu conjunto são chamados hiperpsiquia, caracterizada por grande determinação, exagerada autoconfiança, exaltada busca de prazeres e desmedida presunção, expressando-se a arrogância em toda sua pujança.

Como se pode entrever, o hiperegotismo é doença que nos acompanha há tempos na jornada da vida, tendo-se  incorporado como um hábito de nossa personalidade. (...) Superar os demais em todos os aspectos, ser maior por simples deleite da vaidade é sabor intensamente almejado por todos os anseios humanos em todos os tempos, mesmo que para isso seja preciso roubar a alegria alheia e semear infortúnios, pois liquidar aqueles que nos obstaculizam a cobiça sempre justificou os mais bárbaros atos. Por isso todas as maldades empreendidas pelo espírito na jornada dos séculos sempre se baseou nos arroubos do egoísmo e do orgulho. (...)

Não fossem os naturais óbices que a Sabedoria Divina nos impõe, não haveria fronteiras para a arrogância do espírito involuído. Arrogância que continua sendo a motivação básica de nossos interesses doentios, onde quer que nos expressemos, na carne ou fora dela, alimentando-nos o psiquismo hiperegotico com permanente desejo de nos projetar-nos acima dos demais. (...)

*Trecho do livro: Ícaro Redimido, cap. 20, págs. 227 e 228, 6ª edição, Editora inede.
Autor: Adamastor / Gilson Freire.

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